domingo, 30 de outubro de 2011

Halloween - Do Terror ao Terrir

Para além dos horrores da vida real, gostamos de criar criaturas imaginarias para nos amedrontar e nos divertir com isso. Os estadunidenses inspirados em tradições antigas dos celtas até criaram um dia somente para assustar e se assustar. Este dia é o Halloween, que não caiu muito no gosto dos trópicos, mas é certo que em filmes todos gostam de ver um dos personagens principais desse dia, as bruxas. Desde a bruxa que Dorothy esmaga com sua casa no filme de 1939 “O mágico de Oz” ou até a simpática Dona Clotilde, a bruxa do 71 da seriado Chaves, elas sempre seduzem nossos olhares, até Tarantino resolveu colocar algumas no seu filme de 1995 “O Grande Hotel”.


Elas podem ser belas como Sandra Bullock e Nicole Kidman em 1998 no filme “Da magia a sedução”, belíssima como Elizabeth Montgomery em 1964 em “A Feiticeira” ou puro sexo como no filme “Elvira” de 1988, que provocou em uma pequena e conservadora cidade uma verdadeira orgia colocando um tipo de porção tirada de um livro de receitas de sua tia Morgana. Elas podem ser heroínas como em 2001 com “As Brumas de Avalon”, que tinha no elenco Angelina Huston, a melhor de todas as bruxas em minha opinião, pois ela fez nada mais nada menos que Mortícia Addams no clássico de 1991 “A Família Addams” e outro clássico da sessão da tarde de 1990 “A convenção das bruxas”.


Sejam criadas por Deus ou pelo Diabo elas são sempre mulheres obcecadas pela eterna busca por maridos como no filme de 1987 com Cher e Jack Nicholson “As bruxas de Eastwick”, ou ainda vaidosas e vingativas como foram no filme de 1996 “Jovens Bruxas”. Às vezes são vítimas perseguidas como no filme “As bruxas de Salem” de 1996 ou malignas e personagens principais sem nem aparecerem como em 1999 no filme “A bruxa de Blair”. Mas eu gosto delas como simpáticas senhoras, que são somente velhas solitárias e solteironas fazendo de tudo para parecerem mais jovens como no filme “Abracadabra” de 1993 com Sara Jessica Paker.

Mas quando o assunto é presença no Halloween ninguém pode ganhar de Michael Myers do filme de 1978 “Halloween”, que em 1963 na pacata cidade de Haddonfield em Illinois com apenas seis anos mata sua irmã Judith Myers por esta ter transando com o namorado. O garoto é trancafiado em um sanatório, mas 15 anos depois sai bem no dia do Halloween e volta para sua cidade e mata geral e perseguindo principalmente Jamie Lee Curtis que é filha de Janet Leigh que protagonizou a famosa cena do chuveiro de “Psicose” em 1960 do mestre do terror Alfred Hitchcock. O filme fez tanto sucesso que é um dos filmes de terror com mais sequências, são oito, perdendo apenas para “Sexta-Feira 13” com 11 filmes com o famoso Jason Voorhees.


Buscamos pela arte o medo desejando desvendar o porquê da existência do mal. Este medo pode nos unir ou também levantar barreiras entre nós. Para compreender como funciona o medo é bom lembrar que o primeiro filme produzido na história dos irmãos Lumiére em 1895 acabou funcionando como um filme de terror. Eles tinham filmado a chegada de um trem na estação e as pessoas dentro da sala de cinema acharam que o trem era real que entraria na sala e passaria por cima delas, foi um pânico geral. Assim foi também com “O bebê de Rosemary” de Polanski em 1968. O bebê nunca aparece e faz o espectador imaginar com tanta convicção ao ponto de afirmar tê-lo visto, assim como disse Hitchcock “Não há terror num murro, somente na antecipação dele”.


Marcelo Almeida Andrade
Formado em Relações Internacionais, apaixonado por arte italiana, comida indiana, cinema americano, literatura russa e pornografia alemã. Acredita que o humor pode mudar o mundo e quer dar a volta ao mundo de bicicleta.